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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Encenaria o caso do Banco Privado Português no teatro?

Rui Madeira, director artístico da CTB a e Administrador do Theatro Circo de Braga, diz que José Sócrates tem de parar de pedir Se a realidade supera a ficção, ele, actor e encenador, desculpa por ter sido apanhado a fumar ou pelos votos de Manuel Alegre.di-lo com frontalidade: "Somos um país de donas brancas. Púdicas, ainda por cima". Rui Madeira vive em Braga, ali a um passo da Europa.

Votou para as eleições Europeias?

Obviamente.

No candidato da "roubalheira"?

[Risos] No Vital Moreira, sim.

Perdeu. Ficou desapontado?

Perdi, mas não fiquei desapontado. O engenheiro Sócrates começou a perder no dia em que pediu desculpa por ter sido apanhado a fumar. A partir daí, entrou num esquema que era só pedir desculpas. Desculpa por ter um bom ministro da Saúde e demitiu-o. Desculpa a Manuel Alegre por ele ter tido um milhão de votos, quando esse milhão serve para tudo menos para o Benfica ganhar o campeonato. E perdeu também aí. Trama-se sempre que pede desculpa. Tem que parar de pedir.

Acha que o PS ainda pode ganhar as eleições legislativas?

Espero que ganhe. O PS perdeu as europeias, mas o PSD não as ganhou. Quem ganhou foi o Alegre.

Mas porquê? Vê o poeta Manuel Alegre como um traidor do PS?

Não tenho esses pensamentos [Risos]. Acho é que ele conduz um enorme autobus, que faz ali o percurso entre as esquerdas todas, e isso não contribui para a clarificação da situação política.

Paulo Rangel, além de vencedor, foi mesmo o político revelação desta ronda eleitoral?

Acho que sim. Tenho simpatia pela sua figura intelectual. Os cidadãos deviam perceber que há cada vez menos gente interessada em sofrer a crucificação na praça pública só porque está disponível para servir a causa pública de peito aberto.

A que distância está Braga, onde vive e trabalha, da Europa?

Muito próxima. Há pessoas que estão no centro da Europa e continuam provincianas e pessoas do Gerês que têm um olhar muito concreto sobre o que valem e o que vale a Europa para eles.

Mário Soares manifestou-se contra a reeleição de Durão Barroso na presidência da União Europeia. Que sentido faz agora?

Tenho profundo apreço por Mário Soares, como tinha por Álvaro Cunhal ou Lucas Pires, como tenho por Adriano Moreira. Fazem falta pessoas com liberdade para dizer o que pensam. Se o PS tivesse ganho as eleições teria direito a exigir outro presidente; assim, não... Acho graça à atitude do Sócrates ter dito: "Porreiro, pá!"

Não nomeou Cavaco Silva no rol de pessoas que preza, apesar de ter estado com ele em Santarém no 10 de Junho. Não ficou solidário quando o ouviu dizer que está a perder o dinheiro das poupanças?

Essa intervenção dele foi desastrosa. Só tem paralelo com a altura em que era primeiro-ministro e veio dizer que na sua residência oficial não tinha construído um tanque. Representa a mentalidade típica dos portugueses: o medo de assumir coisas. Foi a pior prestação que poderia ter feito a Manuela Ferreira Leite. Numa altura em que se discutia a relação do BPN com o PSD, foi um tiro nos dois pés dela. Em compensação, gostei que tivesse vetado esta semana a proposta para aumentar o financiamento dos partidos. Se passasse, seria um escândalo.

Ferreira Leite recuperou desse tiro depois da vitória nas europeias?

Não, porque ela não é vencedora. A abstenção foi muito alta e os votos que o PSD teve são quase iguais à derrota de Santana Lopes nas outras eleições. Pode até ser que isto crie dinâmicas e expectativas, mas da leitura crua dos números não saiu uma vencedora.

Encenaria o caso do Banco Privado Português (BPP) no teatro?

Era capaz. Os portugueses deviam ter direito, de graça, ao livro do seu ex-presidente, João Rendeiro. Como o próprio nome indica, Rendeiro rende. O problema é que isto é um país de donas brancas e ainda não as conhecemos todas. Donas brancas púdicas, ainda por cima.

Acha bem que o Governo tenha anunciado esta semana que lava as mãos do caso BPP?

Acho bem que lave as mãos, porque ali já há demasiada gente com as mãos sujas. Aquilo é um problema de tribunal, não é coisa para os contribuintes pagarem.


in_JN


terça-feira, 16 de junho de 2009

Companhias de teatro lamentam ausência da DGArtes e recomendam medidas aos decisores políticos







Terminou hoje, em Campo Benfeito, o III Festival das Companhias Descentralizadas, organizado pelo Teatro de Montemuro e que contou com a participação das outras cinco companhias de teatro profissional que integram a Plataforma das Companhias: A Escola da Noite (Coimbra), ACTA (Algarve), Centro Dramático de Évora, Companhia de Teatro de Braga e Teatro das Beiras (Covilhã).

Envolvendo directamente mais de 60 pessoas, o programa do Festival incluíu a apresentação de seis espectáculos (um por cada companhia), um workshop de escrita criativa com o dramaturgo Abel Neves, um workshop de teatro a cargo do grupo anfitrião, um debate sobre "O teatro na descentralização" (com a presença do Director Regional da Cultura do Centro) e ainda contactos informais com uma centenária associação cultural do concelho de Castro Daire, a propósito do trabalho artístico com jovens. As iniciativas espalharam-se por quatro localidades de dois concelhos da região - Campo Benfeito, Carvalhal, Castro Daire e Lamego - e integraram a programação de três salas: Espaço Montemuro, Auditório Municipal de Castro Daire e Teatro Ribeiro Conceição, Assistiram aos espectáculos cerca de 700 pessoas, o que representa uma média superior a 100 espectadores por sessão.

Contra o desconhecimento

Une-as também, contudo, a certeza de que estes seus contributos continuam a ser ignorados pela Administração Central, cujos discursos "descentralizadores", permanentemente contrariados por práticas centralistas, assentam num profundo desconhecimento sobre o que acontece no terreno e ignoram as especificidades do trabalho realizado longe dos centros de decisão política, económica e mediática.

Em contra-corrente com o balanço extremamente positivo que dele fazemos do ponto de vista do fortalecimento das relações entre as companhias, esta edição do Festival é, em si mesma, um exemplo dessa desconsideração pelo nosso trabalho. Quando, no verão passado, denunciámos publicamente a ausência de discussão pública sobre a alteração às normas do financimento público da criação artística, a DGArtes comprometeu-se a debater connosco e com outras estruturas a temática da descentralização, ainda que apenas depois de concluído o processo dos concursos que teriam que entrar em funcionamento rapidamente. Foi precisamente isso que quisemos fazer, no âmbito do Festival, convidando a DGArtes para estar presente no debate que organizámos e que foi aberto a todas as estruturas de criação do país. A representação oficial deste organismo foi sendo delegada em postos inferiores da hierarquia até acabar por não existir, o que consideramos inaceitável.

 

Recomendações

Também por isso, consideramos útil tornar públicas, após o encerramento dos trabalhos, as principais conclusões a que chegámos em conjunto, apresentando-as como recomendações aos vários decisores políticos envolvidos na definição e na concretização de políticas culturais em Portugal:

 

1. Retomar a discussão com os agentes culturais sobre o modelo de financiamento público às artes (abruptamente interrompida pelo actual Governo na segunda metade do seu mandato) a partir do quadro normativo aprovado pelo mesmo Governo nos seus dois primeiros anos e que nunca chegou a entrar em vigor;

 

2. Cumprir o programa de Governo no que respeita à dotação orçamental do Ministério da Cultura, aproximando-nos (e não afastando-nos, como tem vindo a acontecer) do 1% do Orçamento Geral do Estado;

 

3. Cumprir o programa de Governo no que diz respeito à separação entre apoios à criação e apoios à programação, em nome da clareza e da eficácia do investimento público;

 

4. Diferenciar de forma clara o apoio a estruturas de criação dos apoios a projectos pontuais e a novos criadores, o que implica a definição objectiva do conceito de "companhia" e a quantificação realista dos custos decorrentes da sua actividade regular e das obrigações legais a que estão sujeitas (encargos com pessoal, Segurança Social, Finanças, gestão de espaços, etc.);

 

5. Racionalizar os financiamentos públicos, valorizando as estruturas que melhores condições têm para cumprir o seu papel de serviço público, dotando-as de meios para que efectivamente o possam cumprir e de modo a que possam ser justamente avaliadas e seriamente responsabilizadas;

 

6. Clarificar os papéis dos diferentes níveis da Administração Pública, nomeadamente na articulação entre a Administração Central, as autarquias e as estruturas intermédias de governação (Direcções Regionais de Cultura, Direcções Regionais de Educação, Comissões de Coordenação e Desenvolvimento) na gestão da política cultural. Promover activamente as indispensáveis complementaridades - até aqui, as companhias têm sido quase sempre deixadas sozinhas no papel de ponte entre estes diferentes níveis de decisão ou mesmo, nos piores mas frequentes casos, utilizadas como arma de arremesso entre cada um deles.

 

7. Envolver a Administração Central, as autarquias e as estruturas de criação numa análise séria das condições que os espaços teatrais do país oferecem para a criação e a apresentação de espectáculos. O Auditório de Castro Daire é um exemplo, entre tantos outros casos que conhecemos bem, de um equipamento em que pequenas e baratas intervenções poderiam melhorar substancialmente a funcionalidade dos espaços e a fruição por parte do público;

 

Coimbra, 2010

Realizado este ano sem qualquer apoio financeiro por parte do Ministério da Cultura, o III Festival das Companhias foi por elas suportado em grande parte - os apoios das autarquias de Lamego e Castro Daire e os patrocínios conseguidos não cobrem nem metade do orçamento. A importância e a singularidade do evento justificariam também outra atenção do Estado. Reivindicamo-la a partir de hoje já para a próxima edição, que terá lugar durante o ano de 2010, segundo decisão unânime, em Coimbra, com organização d'A Escola da Noite.

 

Campo Benfeito, 14 de Junho de 2009.

 

A Escola da Noite - Grupo de Teatro de Coimbra

ACTA - Companhia de Teatro do Algarve

Centro Dramático de Évora

Companhia de Teatro de Braga

Teatro das Beiras

Teatro de Montemuro

Enviado por escola da Noite

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Teatros nacionais transformados em entidades públicas empresariais



Governo atribuiu mais de 7 milhões em indemnizações compensatórias.

De três em três meses o Teatro Nacional de São João e o Teatro Nacional D. Maria II, S. A., que passaram a ser entidades públicas empresariais, e o Teatro Nacional de São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado, que são uma única entidade pública empresarial, vão receber indemnizações compensatórias do Governo.

Assim, e segundo a resolução do Conselho de Ministros n.º 41, publicada ontem no 'Diário da República', este ano serão pagos trimestralmente 1 293 750 euros, 1 225 000 euros e 4 823 250 euros , ao Teatro Nacional D. Maria II, E. P. E., ao Teatro Nacional de São João, E. P. E., e ao OPART - Organismo de Produção Artística, E. P. E.,respectivamente. Este último será o que recebe mais. No total o Governo concede um total de 7, 34 milhões de euros.

O Conselho de Ministros concede estes valores com base no facto dos estatutos de cada uma das entidades lhes conferir o direito ao recebimento de uma indemnização compensatória para o cumprimento das obrigações de serviço público.

Além disso, e para o cumprimento dos contratos e programa relativo à prestação de serviço público na área da cultura teatral, celebrado entre o Estado, o mesmo Conselho de Ministros autorizou as seguintes despesas:

- Teatro Nacional D. Maria II, E. P. E., no montante de 5 175 000 euros, a que acresce IVA à taxa legal em vigor, correspondente ao valor da indemnização compensatória a atribuir no ano de 2009.

- Teatro Nacional de São João, E. P. E., no montante de 4 900 000 euros , a que acresce IVA à taxa legal em vigor, correspondente ao valor da indemnização compensatória a atribuir no ano de 2009.

- OPART - Organismo de Produção Artística, E. P. E., no montante de 19 293 000 euros , a que acresce IVA à taxa legal em vigor, correspondente ao valor da indemnização compensatória a atribuir no ano de 2009. O que soma um total de 29, 3 milhões de euros.

in_Público

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Contraditório da A FAMOUS PRODUÇÕES Lda


1) A FAMOUS PRODUÇÔES Lda é a empresa responsável pelas produções de PETER PAN, FAME O MUSICAL, HIGH SCHOOL MUSICAL 1 e HIGH SCHOOL MUSICAL 2 e O LIVRO DA SELVA apresentadas com grande sucesso nos últimos anos. Sendo uma empresa privada, liderada por Francisco Santos responsável pelas traduções, adaptações e cenários destes musicais, vive com as naturais dificuldades inerentes ao meio cultural português. Ao contrário da grande maioria das produtoras nacionais de Teatro nunca recebeu nem recebe qualquer subsídio público pelo que a sua sobrevivência depende dos patrocinadores e da venda de ingressos nos Teatros. O crescimento e desenvolvimento impar conseguido em 2008 é fruto do reconhecimento do público a todo o trabalho que tem sido apresentado o que nos enche de orgulho e de responsabilidade.
O momento menos bom que estamos a atravessar neste momento é fruto da crise que todos afecta, em particular a todos os agentes culturais. Estamos com dificuldades sim, mas vamos ultrapassá-las rápidamente!
2) As afirmações contidas na carta/ mail publicado além de falsas são deploráveis e lamentáveis pelo que merecem toda a nossa repulsa. Na verdade o mail não está assinado, pelo que pode ser considerado anónimo. È igualmente lamentável a inclusão de nomes de actores sem o seu consentimento para tentar dar um ar de veracidade á comunicação.
Quanto ao Sr. Alexandre Ferreira é completamente falso que não tenha recebido da FAMOUS PRODUÇÔES Lda o valor devido pela sua participação no espectáculo FAME O MUSICAL e temos documentos que o podem comprovar! E que actores são esses que não recebem da Famous Produções Lda á anos?
A intenção é simplesmente difamar ! E o propósito é obvio!
3) A FAMOUS PRODUÇÔES Lda vai tomar as medidas consideradas necessárias e reagir , com todos os meios legais ao seu dispor e com a maior veemência, a esta tentativa de manchar e denegrir a empresa responsabilizando quer os autores quer quem promova e divulgue uma carta anónima que não faz qualquer sentido.
4) Apesar da deturpação de factos, dos insultos e das contínuas provocações, a FAMOUS PRODUÇÔES Lda e Francisco Santos, irão continuar a apresentar os seus trabalhos regularmente, com a mesma equipa técnica de sempre, com grandes actores/ cantores e bailarinos que trabalham connosco regularmente e com o público que não nos abandona!
Melhores cumprimentos

Francisco Santos
Famous Produções

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Dinheiro só dá para “mais dois ou três meses” de actividade




Pedro Ruivo à beira da falência

A Fundação Pedro Ruivo, em Faro, está à beira da falência. Um funcionário foi despedido no início do ano e as despesas correntes já são pagas com recurso a crédito bancário. "Se a câmara não pagar o que nos deve, só dá para mais dois ou três meses", alerta Maria de Jesus Bispo, presidente da Fundação.

"A autarquia deve, ainda, 20 mil euros, de um total de 50 mil, do subsídio de 2008", explica a responsável, "e este ano não foi assinado qualquer protocolo", acrescenta.

Maria de Jesus Bispo assume que para pagar ordenados e outras contas, a Fundação já deve "25 mil euros ao banco". Verba que será paga com o dinheiro em dívida do subsídio de 2008. Mas a demora em estabelecer o protocolo para este ano preocupa a presidente.

"As verbas estão a ser encaminhadas para o Teatro Municipal de Faro", explica, "e as associações estão a ser esquecidas", acusa Maria de Jesus Bispo. "É nas associações que nasce a verdadeira cultura", continua, "se as associações desaparecem e só ficar o Teatro Municipal, cria-se uma cultura de Estado, uma ditadura cultural", acusa.

A responsável máxima da Pedro Ruivo admite que com a situação de crise actual, "os mecenas têm desaparecido" e a Fundação já teve de cancelar projectos devido à falta de verbas. "Para combater a situação, temos tentado fazer espectáculos mais populares, que trazem mais pessoas", refere ainda, "mas, actualmente, só contratamos à percentagem, não há verba para se pagar a ninguém".

APOSTA ASSUMIDA NO TEATRO

"É verdade que a autarquia tem dívidas a clubes e associações, devido à quebra de receitas, mas já foi comunicado à Fundação Pedro Ruivo que o valor em dívida será pago quando a autarquia receber o IMI, no fim de Maio", afirmou ao CM José Apolinário.

Já sobre a possibilidade de assinatura de novo protocolo para subsidiar a Fundação, o presidente da Câmara diz que "isso só se saberá quando for feita a revisão orçamental", em Maio, "vamos analisar", afirma, deixando no ar a dúvida sobre realização de novo protocolo. "A Fundação tem de deixar a subsidiodependência em relação à câmara municipal e começar a ir buscar verbas à sociedade civil", continua José Apolinário, que assume "uma aposta política no Teatro Municipal como forma de afirmar Faro". 

SAIBA MAIS

HISTÓRIA

Criada em 1994, a Fundação começou a programação cultural regular em 1998. Entre as principais iniciativas, foi através da Pedro Ruivo que passaram a existir espectáculos regulares de ópera e ballet em Faro. A instituição organiza anualmente o concurso internacional Maria Campina.

50 MIL EUROS: é a verba que a Câmara Municipal atribuiu à Fundação no protocolo de 2008. Até agora foram pagos 30 mil.

25 MIL EUROS: Dívida já contraída pela Pedro Ruivo para pagar ordenados e despesas correntes.

CONSERVATÓRIOA: Fundação tem sede no Conservatório Regional do Algarve mas o funcionamento das duas entidades é totalmente independente.

(in correio da manhã 13/05/2009)


quarta-feira, 15 de abril de 2009

Beja: O estado das coisas. CM Beja cancela protocolo com Arte Pública




















Ora aqui está mais uma oportunidade (depois do financiamento à Programação para o ano de arranque) que os Teatros Municipais e, nomeadamente, o Teatro Pax-Julia têm para, sem sobrecarregar os cofres municipais, candidatar-se ao financiamento, por parte dos mecanismos que o Estado Português coloca à sua disposição, da futura Programação.

Veremos porém se

1. por um lado, continua a dar a entender aos munícipes que este importante centro de fruição e de partilha cultural funciona apenas por vontade e garantia do executivo camarário - como se o esforço da atracção destas candidaturas, que têm suporte comunitário, não fizesse parte de uma estruturada política nacional - neste caso, de apoio à circulação das artes performativas,

e se

2. por outro, este executivo ousa, como já o fez, continuar a sua política de segregação e de discriminação da emblemática estrutura de produção artística residente, impulsionadora da actividade teatral e de variadíssimas metodologias criativas em Beja que é a arte pública - responsável por muito do aconselhamento técnico e empréstimo de variadíssimo material ao Teatro Municipal (o que permitiu a sua abertura, em 2005, em condições de normalidade), além de ter assegurado, com elevados padrões de exigência técnica e artística, espectáculos em estreia e acções de sensibilização ao Espaço Teatral, de Formação de Públicos e de Formação de Técnicos,

dado que, como prémio desta actuação - e exactamente na tentativa de travar o "protagonismo" criativo e formativo que a arte pública já assumia junto do seu público, no Teatro e na cidade, o Presidente ordena a rescisão unilateral do protocolo que, sublinhe-se, se encontrava a meio de um biénio de actuação - atropelando compromissos que, em nome da CMB, já anteriormente assumira com a arte pública e com a Direcção-Geral das Artes, através da sua Direcção Regional - e dando como mandante deste "serviço" o seu assessor - o qual, entre outras falácias, tenta explicar que a questão problemática é de ordem orçamental (nas suas palavras: "queremos fazer mais com menos") quando se veio a revelar, unicamente, de intenção política.

Assim, como pudemos constatar mais tarde, esta falsidade caiu por terra ao ser protocolada outra estrutura, sobre a qual não me pronunciarei, com um valor muito mais elevado do que aquele que era fixado com a arte pública.

Dado que nem a qualidade nem a pertinência artística e social do trabalho da arte pública foi colocado em causa, só existe uma conclusão possível:

como se costuma dizer, "os amigos são para as ocasiões", e o partido com assento em Beja presta-se a esses jogos de influências e de favores - aqueles tais cujo líder paternal (ah! Yeronhimus!...) tanto critica (nos outros partidos, claro).

No entanto, como referia no início desta crónica, veremos se a completa falta de pudor e a desonestidade política e intelectual do Sr. Presidente e de quem lhe ampara estes jogos chegam ao limite de, ao realizarem a futura Programação com verbas angariadas para um preciso fim (Programação em Rede) através do Estado Português, irão, uma vez mais, excluir a única entidade de criação artística residente em Beja, que, em transparentes concursos no território nacional, consegue assegurar a qualidade e justificar a razão da sua intervenção através das artes performativas no coração do Baixo Alentejo - canalizando, para isso, não menos importantes financiamentos para a região.

Como é óbvio, a arte pública não admite este tipo de (não) relacionamento institucional - e muito menos que, publicamente, se faça o discurso do politicamente correcto (lamentando as assimetrias regionais, a falta de fixação dos jovens à terra, a necessidade de criar mais emprego, a ausência de empreendorismo que é preciso incentivar, blá blá blá) e, às escondidas, direi mesmo, por debaixo, não da mesa, mas do tapete, se manipulem as estratégias mais ínvias e se tente estrangular percursos bem sucedidos - mas que, helas! pensam pela sua cabeça, sem terem de pedir a benção ao partido, a qualquer partido, preferindo ser, sempre, inteiros.

Entretanto - e enquanto esperamos documentos solicitados há já três meses à CMB de modo a podermos, devidamente, instruirmos todo este processo que se arrasta desde finais de 2007 - a arte pública continua a fazer o seu trabalho: de criação, de formação - e, claro, levando o nome de Beja por todo o lado, como se pode constatar, por exemplo,aqui
(enviado por Arte Pública 11/03/2009)

"Ser actor significa nada"









 "O que significa ser actor em Portugal?".

Seis profissionais de diferentes gerações responderam ao repto lançado pelo JN, desfiando um rosário de queixumes.

Apesar de a amostra ser demasiado pequena para se poder generalizar conclusões, é um facto que os nossos interlocutores olham para a arte com pessimismo. A falta de apoios e o carácter intermitente do exercício da profissão são realidades lembradas, ainda que nem sempre de forma explícita.

"Significa o mesmo que em qualquer parte do Mundo. A língua muda, mas as características são muito iguais. Acontece é que há países onde os actores talvez tenham de lutar menos", afirma Eunice Muñoz, 80 anos, actriz desde os cinco. No seu entender, é errado pensar-se "que em Portugal é tudo muito mau e que lá fora é tudo muito bom".

A actriz fundamenta tal convicção com exemplos que lhe chegam de países como Inglaterra, onde "há jovens actores a fazer tournées em que, praticamente de 15 em 15 dias, têm de representar uma nova peça". "Isso é trabalho precário, cheio de vícios", acrescenta.

Reconhecendo que "ser actor é difícil e mais difícil ainda num país como o nosso, em que a cultura é sempre o irmão pobre", Eunice Muñoz consegue, ainda assim, encontrar aspectos positivos no panorama actual: "Ultimamente, tem aparecido um conjunto de actores que trazem muita esperança. E a luta só não é mais difícil na medida em que existe a televisão, que lhes dá a possibilidade de ir ganhando a vida".

Visão claramente pessimista tem António Durães. Nascido na Figueira da Foz, vive em Braga e, de momento, faz parte do elenco de "Transacções", em cena no Teatro Maria Matos, em Lisboa. Ainda dá aulas de interpretação no Porto. "Ser actor, nesta altura, significa nada, quase", diz.

Para explicá-lo, Durães recorda que, em 1985, ano em que terminou a formação (curiosamente, em Évora), era necessário percorrer uma série de etapas para se exercer a profissão e para se ter carteira profissional, que era sempre exigida. "Hoje, é necessário nada de nada", afirma o "free-lancer", sublinhando que isso "desprestigia profundamente a classe".

É nesse sentido que contrapõe o esforço com que os seus alunos trabalham às exigências para o ingresso no mercado de trabalho: "Estão a disputar lugares com gente que vem das "passerelles", por exemplo, ou com o primo de não sei quem". Concluindo que o mercado é "vagamente capitalista, mas selvagem", refere ainda que "distribuir subsídios curtos pelas aldeias todas não faz sentido nenhum". A sua conclusão é incisiva: "Este país não merece os profissionais de teatro que tem".

Em tom poético mas carregado de ironias, Emília Silvestre, da companhia Ensemble, do Porto, começa por responder à questão deste modo: "É acreditar, para além do razoável, que estamos a construir um país melhor". "Respirar fundo, erguer a cabeça e seguir em frente" são os remédios para as muitas contrariedades.

Desde logo, "lutar contra o princípio de que tudo tem de ser mercadoria", quando os actores são "alimento para as almas", ou, ainda, "chorar de raiva com a indiferença cega dos sucessivos poderes políticos". Ser actor, pelas suas palavras, é também sinónimo de revolta "contra a rede pública de teatros que não funciona, sujeita como está à logicazinha pessoal dos programadores".

Fernanda Lapa recorre à imagem do farol visto do mar para melhor definir o estatuto de "intermitentes" que têm os actores. A directora artística da Escola de Mulheres, em Lisboa, lembra que as novas gerações acabam os cursos e "logo são confrontadas com a inexistência de estruturas de acolhimento e de apoios sólidos à cultura". Mas refere que os mais antigos "sofrem do mesmo mal". "É todo um património cultural riquíssimo que fica ao abandono", conclui.

"Ser actor em Portugal, como em qualquer parte, pressupõe uma enorme paixão, dedicação, muito trabalho e espírito de sacrifício", é a opinião de Diogo Infante. O actor e director artístico do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, refere que, apesar de a oferta teatral ter aumentado, "o audiovisual continua reduzido a meia dúzia de filmes por ano, a menos de meia dúzia de séries televisivas e a uma mão cheia de telenovelas".

Diogo Infante diz ainda que o actor "enfrenta um mercado competitivo e por vezes cruel, onde a imagem tem um peso cada vez mais significativo e por vezes redutor". Por outro lado, salienta que "a percepção da comunidade em relação à profissão de actor mudou com os anos", tornando a classe "mais apreciada e respeitada".

No caso de Catarina Lacerda, co-fundadora da cooperativa cultural Teatro do Frio, no Porto, exercer a profissão significa "fazer muita coisa num curto espaço de tempo". "Se a minha pretensão fosse viver exclusivamente como actriz, seria complicado, até porque me obrigaria a aceitar trabalhos com os quais não me identificaria", diz.

Por isso, encontra solução na "periferia da actividade", dedicando-se ainda à formação, às parcerias e às colaborações com outros domínios. O que lhe permite assumir-se "como criadora e não apenas como intérprete".

(in_Quarta parede feed/JN 15/04/2009)

Terça feira 24 de Abril somos todos Teatro Art´Imagem


24 de Abril, pelas 10.00h, inicia-se no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto a audiência de julgamento da acção que o Teatro Art`Imagem moveu contra a Câmara Municipal do Porto.

Recordamos que a origem deste processo se prende com o cancelamento do apoio da autarquia ao Festival Fazer a Festa, motivado pela recusa do Teatro Art`Imagem em subscrever uma cláusula que o impedia de posteriormente criticar a Câmara Municipal.

Neste processo julga-se muito mais do que um apoio financeiro a um festival de teatro. Neste processo julga-se o direito à liberdade de expressão e os deveres da Administração num Estado de Direito. E claro, discute-se a ideia de cidade que queremos ter. E aquela que frontalmente e com coragem o Art`Imagem recusou.

Na Terça-feira somos todos do Art`Imagem.

(in_plateia feed 15/04/2009)

terça-feira, 14 de abril de 2009

Fazer a Festa muda para a Maia em protesto

O 28º Fazer a Festa - Festival Internacional de Teatro vai realizar-se na Maia e não no Porto, em protesto pela retirada de financiamento da Câmara do Porto um mês antes do evento, anunciou hoje o Teatro Art'Imagem.
Em conferência de imprensa, o director do Art'Imagem, José Leitão, acusou a autarquia de «faltar à palavra dada», ao ter comunicado em 25 de Março que, devido a «cortes orçamentais», já não podia dar o prometido apoio financeiro de 15 mil euros à edição deste ano do festival, que começa a 25 de Abril.

«Sentimo-nos um pouco injustiçados relativamente aos outros festivais», afirmou José Leitão, salientando que o responsável da Porto Lazer que transmitiu a decisão, Ricardo Almeida, disse que achava que o apoio prometido (igual ao de 2008) era merecido, mas estava a «cumprir ordens superiores».

Segundo José Leitão, Ricardo Almeida comunicou na mesma reunião que os restantes festivais internacionais de teatro do Porto, de Expressão Ibérica (FITEI) e de Marionetas, iriam receber cerca de metade do apoio prometido, mas o mesmo critério não se aplicaria ao Fazer a Festa, que apenas poderia contar com apoio «em espécie».

«Há uma barreira no cimo da pirâmide, que, pelos vistos, é o nosso presidente. Pelos vistos, o nosso presidente gosta de dizer que é contra a cultura. Suponho que será isso. É a marca diferente deste executivo», frisou, recordando que há eleições autárquicas este ano.

José Leitão admitiu que a retirada de apoio esteja relacionada com a coincidência de ter sido noticiado em 20 de Março que quatro dias depois iria começar o julgamento de uma acção interposta pelo Teatro Art'Imagem em 2006 contra a Câmara do Porto, apesar de Ricardo Almeida ter negado qualquer relação entre os dois factos.

Na acção, cujo julgamento foi adiado para sexta-feira no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, o Art'Imagem acusa a autarquia de ter imposto uma «cláusula de vassalagem» como condição para assinar o protocolo de apoio financeiro ao festival. «Isto não é política. É pulhetice», frisou José Leitão, criticando a Câmara do Porto por ter recusado a resolução extrajudicial do conflito referente ao festival de 2006.

Após mais de 15 anos consecutivos no Palácio de Cristal, no Porto, o terceiro festival de teatro mais antigo do país vai realizar-se este ano na Quinta da Caverneira, em Águas Santas, Maia, com o apoio logístico da câmara local.

«Isto atrapalhou-nos completamente toda a actividade», disse José Leitão, salientando que a mudança de local provocou desistências, nomeadamente de uma companhia galega, e obrigou a reconfigurar os vários espectáculos para o novo local.

A Quinta da Caverneira é um espaço «muito bonito», com jardins e um palácio oitocentista recuperado, mas «é um mini Palácio de Cristal», pelo que não será possível atingir a afluência dos anos anteriores, que rondou os «cinco mil a 7.500 espectadores», realçou.

«Ao princípio, estivemos para não fazer o festival», referiu o director do Art'Imagem, acrescentando que o avançado estado de preparação do festival e a boa relação existente com a Câmara da Maia levaram a organização a transferir o local e adaptar o evento a um orçamento mais baixo, que ronda agora os 80 mil euros.

Para este orçamento, o Art'Imagem irá canalizar a totalidade dos 50 mil euros de apoio anual do Ministério da Cultura à companhia e terá de recorrer a empréstimos bancários para assegurar a maioria do restante.

O programa do festival, que vai decorrer de 25 de Abril a 03 de Maio, só será anunciado quinta-feira, mas José Leitão já adiantou hoje que estarão presentes companhias do Chile e de Itália, esta para apresentar uma peça baseada nos factos históricos das mães da Praça de Maio da ditadura argentina.

Os espectáculos vão decorrer num auditório com 100 lugares, ao ar livre e em duas tendas, uma das quais irá acolher em permanência a estreia do espectáculo de Renata Portas baseado na fábula sobre emigração «Animais Nocturnos», do espanhol Juan Mayorga.

Em 2010, o Fazer a Festa regressará ao Porto, garantiu José Leitão, mesmo que a câmara local volte a recusar o pedido de apoio financeiro, como aconteceu em 2006 e 2009.
(in_Diário Digital / Lusa 14/04/2009)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Falta de autonomia é uma coisa horrível...

"A falta de autonomia na direcção artística é uma coisa horrível, desastrosa", disse Isabel Alves Costa, ex-directora do Teatro Rivoli, no Porto, cidade onde, esta segunda-feira, apresentou "Rivoli 1989-2006", livro que quer ser uma reflexão sobre o espaço.

Com sala cheia, na Livraria Index, sobretudo de gente ligada ao teatro, onde se viu, por exemplo, Ricardo Pais, director do Teatro S. João, Isabel Alves Costa lançou, logo nas primeiras palavras, o aviso: "Isto não é um ajuste de contas com a história, nem com ninguém".

Assumiu que o livro é, antes de mais, "uma forma de explicar o meu ponto de vista sobre uma casa, uma instituição a que me entreguei e na qual se fizeram iniciativas importantes para a cidade".

Isabel Alves Costa, que foi convidada por Manuela de Melo, antiga vereadora da Cultura da Câmara do Porto, permaneceu durante 13 anos à frente dos destinos do Rivoli e da Culturporto (mais quatro noutras funções), entidade extinta pelo executivo de Rui Rio, presidente da autarquia. A este propósito, a autora referiu que "a falta de autonomia da direcção artística é desastrosa, essencialmente, porque os outros que vêm tomar o nosso lugar não sabem o que fazer e, às vezes, tomam posições completamente tolas".

A ex-responsável pelo Rivoli admitiu ter pena, sobretudo, do que não foi feito por impossibilidades que ultrapassam o que é uma programação artística. Salientou a importância que pequenas coisas podem, às vezes, viabilizar ou inviabilizar projectos, insistindo na ideia que, actualmente, o Rivoli não presta um serviço público à cidade do Porto.

Foi com emoção que João Fernandes, director do Museu de Serralves, que apresentou o livro, disse ter lido as páginas da obra. "É um trabalho interessantíssimo, que, através da história, narra a vida de uma instituição e a sua relação com a democracia em Portugal".

Mostrando-se surpreendido por, ao ler o texto, ter tomado consciência da vasta programação levada a efeito no Rivoli, João Fernandes lamentou, contudo, o facto de a história do livro não ter um final feliz. Adiantou, por outro lado, que deseja e tem confiança que desta obra apareça outra instituição como o Rivoli, porque "este teatro não pode desaparecer da vida cultural da cidade".

O director de Serralves criticou ainda o facto de os responsáveis políticos "raras vezes criarem condições para a autonomia de um projecto cultural".

João Fernandes frisou que o livro deveria constar da bibliografia obrigatória de todas as bibliotecas das autarquias onde existam departamentos ou pelouros da Cultura.

Para Miguel Lobo Antunes, autor do prefácio, "Rivoli 1989-2006" é uma história que nos dá ensinamentos e motivos de reflexão." Adianta que, "enquanto responsável pela programação de uma instituição cultural de Lisboa, lamento a perda de um parceiro com quem era possível partilhar projectos, ideias, colaborações. Não foi só o Porto que ficou a perder, foi o país".

Por isso, Miguel Lobo Antunes reafirma a importância do livro, "que guarda uma memória do que foi e do que poderia ter continuado a ser, explicando como deixou de o ser".
(in_JN 27/01/09)

domingo, 4 de janeiro de 2009

"Portimão" derrapa com o seu teatro

Teatro custou doze milhões

Cinco anos após o início das obras, nas quais foram investidos 12 milhões de euros, o TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, no antigo Palácio Sárrea Prado, abre finalmente as portas ao público. A inauguração oficial está marcada para a próxima quinta--feira, dia 11, coincidindo com as comemorações do Dia da Cidade.

O projecto de arquitectura foi entregue a Troufa Real em 1999. O concurso para a obra foi lançado em 2003, mas os trabalhos, iniciados no ano seguinte, passaram por várias vicissitudes. Pararam quando foi necessário refazer a fachada do imóvel oitocentista. O investimento previsto triplicou.
(in_expresso 06/12/2008)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Teatro Municipal da Guarda reclama.

Câmara da Guarda reclama apoios do MC para Teatro Municipal

«Sempre achámos que o Ministério da Cultura participe com a Câmara Municipal na gestão deste equipamento», disse o autarca, lamentando que as respostas obtidas sejam no sentido de que «não está previsto qualquer tipo de apoio de financiamento a este tipo de equipamento».

A situação é «caricata» porque o TMG «é uma estrutura, um equipamento feito pelo Governo Português, tem apoio dos poderes públicos de Espanha e não tem de Portugal», observou, aludindo a um protocolo que integrou o TMG na «Rede de Teatros de Castilla y León».
Segundo o autarca, o equipamento apenas é apoiado pela Câmara Municipal da Guarda, que, «apesar de haver esta inércia do Ministério da Cultura», está atenta «às diferentes hipóteses de candidatura» a fundos comunitários, através do programa de Cooperação Territorial Portugal - Espanha, em parceria com a Junta de Castilla y León.

«Há um conjunto de projectos que estamos a lançar em várias direcções para obter novas fontes de financiamento«, referiu, assinalando que a rede de Teatros Municipais é «um projecto inacabado» porque «falta apoiar a programação destes Teatros Municipais».

O autarca ainda espera que o Ministério da Cultura analise a situação e encontre acções concretas de apoio a estes equipamentos».

Também Américo Rodrigues, director artístico do TMG, disse esperar «que haja uma alteração de procedimentos» do Ministério da Cultura em relação aos apoios a este tipo de equipamento cultural.
«Precisamos urgentemente do apoio do Ministério da Cultura», afirmou.

O complexo do TMG, inaugurado em 25 de Abril de 2005, custou cerca de 10,5 milhões de euros.

Localizado no centro da cidade da Guarda, junto do antigo Convento de São Francisco, é composto por dois cubos gigantes onde funcionam o grande auditório (com capacidade para 626 pessoas), o pequeno auditório (com capacidade para 164), um café-concerto, uma galeria de exposições e um parque de estacionamento subterrâneo.

(i_nDiário Digital/Lusa 17/12/2008)

sábado, 29 de novembro de 2008

...a limpeza da honra de Fragateiro

Antigo director do Teatro D. Maria II envia memorando a Cavaco e Sócrates contestando a sua demissão
Carlos Fragateiro, o anterior presidente do Conselho de administração do Teatro D. Maria II, rebateu em memorando enviado ao Presidente da República e ao Primeiro-ministro as razões invocadas pelo Ministro da Cultura para o exonerar do cargo.

Como seu objectivo, ao enviar o memorando, Fragateiro apontou, em declarações à Lusa, «defender a honra», «limpar o nome».
«Até porque nunca tinha visto em Diário da República uma coisa publicada com esta violência e esta falta de rigor», observou.
Segundo o ex-director do D.Maria II, o gabinete do Primeiro-Ministro informou-o entretanto de que o memorando foi «lido, analisado e reenviado ao ministério da Cultura e ao ministério das Finanças».
Uma fonte do ministério da Cultura disse hoje à Lusa que o ministro «não tem comentários a fazer» sobre a matéria.
Relativamente à queixa que, aquando da sua exoneração, anunciou que iria apresentar, Fragateiro informou que ela foi já entregue no Tribunal Administrativo e no Tribunal Cível.
«Temos de acreditar - disse ainda - que a democracia fará vir a verdade ao de cima. Acredito no futuro».

O contrato-programa, diz, «daria à Administração os instrumentos operacionais próprios de uma entidade pública empresarial e definiria um plano de actividades e uma gestão financeira plurianuais que tivesse em conta objectivos bem determinados, em suma, sem nenhum enquadramento que permitisse uma avaliação do desempenho e do grau de cumprimento dos objectivos estabelecidos no contrato-programa».
Entende Fragateiro que «a inexistência de critérios para a avaliação do desempenho e do modo como se estavam ou não a atingir as metas definidas por contrato levou a que os pontos que integram o despacho de exoneração, que na forma pressupõem uma gestão ruinosa, não passem de afirmações não provadas, distorcidas e mentirosas».
«O despacho constitui assim - qualifica - uma manipulação grosseira da realidade.

Na sua avaliação, o ministro da Cultura, com este processo, «pôs em causa» o nome e a honra dos elementos da CA e o nome do Dona Maria II, «perturbou» o desenvolvimento de projectos internacionais e «impediu» que se desenvolvessem projectos com Moçambique e a Guiné e se concretizasse o «processo de reestruturação» do Teatro.
Mais ainda, acusa Pinto Ribeiro de ter retirado «força e protagonismo à integração do Teatro numa rede europeia que inclui parceiros de cidades como Madrid, Paris, Nápoles, Manchester e Sibiú» e de ter lançado «uma mancha na credibilidade de uma instituição do Estado tão prestigiada como é o Diário da República».
Na parte final do memorando, Fragateiro afirma-se convicto de que, «desde a sua tomada de posse, havia por parte do ministro [da Cultura] José António Pinto Ribeiro a intenção» de exonerar o Conselho de administração do Teatro, «intenção nunca assumida frontalmente», mas de vários modos «anunciada».
(in_Diário Digital 29/11/2008)



Carlos Fragateiro põe em causa ponto por ponto, num memorando enviado ao Presidente, Aníbal Cavaco Silva, e ao primeiro-ministro, José Sócrates, as razões apresentadas pelo ministro da Cultura, Pinto Ribeiro, para o exonerar do cargo de presidente do conselho de administração (CA) do Teatro Nacional D. Maria II.
Fragateiro tomou posse do cargo em Maio de 2007 e foi exonerado a 29 de Julho deste ano. O despacho da exoneração - que incluiu no memorando - foi publicado em Diário da República a 12 de Setembro.
Relativamente ao primeiro ponto do despacho (as actas do conselho de administração), Fragateiro argumenta que o texto não inclui qualquer exemplo dos "diálogos e expressões insultuosas" alegadamente trocadas nas reuniões entre os membros do CA, e em particular entre ele e o vogal José Manuel Castanheira.
Quanto à "decisão da concessão do Teatro Villaret", Fragateiro afirma que ela foi tomada pelo CA numa reunião de que foi exarada acta, em "deliberação" com que todos concordaram (o despacho diz não ter havido deliberação), e após "informação de que o assunto teria sido previamente submetido à aprovação do senhor Secretário de Estado da Cultura, 'que a terá considerado positiva'".
A este propósito, Fragateiro argumenta que, ao negociar a concessão por cinco anos, impediu "que um teatro de referência fechasse" com um investimento de 159.072 euros.

Barbaridades e banditismo
O despacho refere-se também a incidentes com a obra Longas Férias com Oliveira Salazar, cujo encenador, Manuel Martinez Mediéro, em fax enviado a José António Pinto Ribeiro, acusou o então responsável máximo do D. Maria II de ter cometido "barbaridades", num "ambiente de banditismo".
A estas acusações, Fragateiro contrapõe que a carreira do espectáculo, contratualizado com a Junta da Extremadura, teve 20 representações no Teatro da Politécnica, a que se seguiu uma digressão nacional, e que o incidente terminou com uma carta do então vice-presidente do governo da Extremadura, Ignácio Sánchez Amor, a pedir desculpas pelo fax.
A acusação ministerial de que o CA "não deu plena execução ao objecto" do D. Maria II mereceu também a rejeição de Fragateiro, que enumera na resposta várias colaborações e parcerias, concretizadas em representações teatrais, acções de formação, colaboração com escolas do ensino superior artístico, registo em vídeo de espectáculos, abertura do teatro às famílias e escolas.
Fragateiro diz ainda que, em finais de Julho, previa para 2008 um défice de 228.646 euros nas contas do D. Maria II, "menor do que o referido no Plano de Actividades", que era 296.746 euros (já incluindo custos diferidos, no valor de 480 mil euros). 
(in_Lusa 29/11/2008) 


-(MONO)Cultura sugere entrevista TSF (clica aqui)


quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A dormência do Teatro D. Maria II













"Teatro D. Maria II está em dormência"

A ex-ministra da Cultura Isabel Pires de Lima afirmou que a situação no Teatro Nacional D. Maria II é «grave» e que este atravessa uma fase de «dormência», sem programação.
«Eu acho estranho não haver sinais do D. Maria II. O que me parece grave é não percebermos se o D. Maria existe ou não existe, a nova programação não foi apresentada», criticou a actual deputada socialista em declarações à Lusa.

O encenador Carlos Fragateiro, escolhido por Isabel Pires de Lima para a direcção do Teatro Nacional D. Maria II, presidindo também ao conselho de administração, foi afastado em Julho por despacho conjunto dos Ministérios da Cultura e das Finanças.

Segundo as explicações do Ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, a exoneração foi decidida com base em «factos fundamentados» relacionados com a «natureza da gestão».

«Eu compreendo que o senhor ministro entenda que a orientação que estava a ser dada ao D. Maria não seja aquela que deve ser dada a um teatro nacional, está nas suas funções fazer essa avaliação», afirmou Pires de Lima.

«Não compreendo é porque é que o D. Maria II não está a funcionar com alguma vitalidade e também não entendo porque é que há necessidade de quatro pessoas para gerir o teatro (uma administração de três pessoas e um director artístico que até agora não foi nomeado)», acrescentou a ex-ministra.

A deputada da bancada socialista considerou a nova direcção do teatro «excessiva», alegando que o Teatro Nacional de São João, no Porto, gere mais espaços com menos gente.

«Eu apenas reajo perante a dormência do Teatro Nacional e perante esta nova organização da direcção, tanto mais que a nova presidente do conselho de administração (Maria João Brilhante), é uma grande investigadora da área do teatro e parece-me que teria todas as capacidades para ser directora artística», referiu.
(in_Diário Digital / Lusa 19/11/2008)

(mono)cultura sugere artigos relacionados:
-"A Carta de Carlos Fragateiro..."e as tricas de Estado"

sábado, 8 de novembro de 2008

Ricardo Pais sai do S. João e...

Ricardo Pais acusa o Governo de não ter projecto cultural para o país.

Ricardo Pais admitiu que "O Mercador de Veneza" será a sua última encenação como director artístico do Teatro Nacional S. João (TNSJ). O actual presidente do Conselho de Administração do teatro critica os governos de José Sócrates pela "inexistência de um projecto cultural para o país" e acusa o PS de "fazer sempre a política que permite ao PSD vir a seguir fazer terra queimada das principais conquistas".

Apesar de considerar que o problema das políticas culturais "é internacionalmente grave" - "em França, os paradigmas estão a cair, pelo descaramento e pela habilidade de um político de facto fracturante como o Sarkozy, para dar apenas um exemplo do que é uma espécie de Pedro Santana Lopes a sério" -, Ricardo Pais sublinha que a questão se põe de maneira particularmente aguda em Portugal, que ainda não assumiu o apoio à criação como "missão nacional". "Isso tinha que ser feito como parte de um projecto cultural para o país: não tenho visto esse projecto nestes últimos anos, e não o tenho visto seguramente nestas governações", afirma.

O "baixíssimo tecto orçamental" que o Ministério da Cultura disponibilizou para 2009, diz o director do TNSJ, obrigou ao cancelamento de parte da programação do próximo ano, apesar das expectativas de agilização financeira criadas pela passagem do teatro a Entidade Pública Empresarial (EPE): "Precisamente por ser o primeiro ano em que nos inscrevíamos nessa coisa pomposa e aparentemente eficaz a que se chama sector empresarial do Estado, eu esperava que fosse finalmente a temporada a sério e tinha posto nela um gosto todo particular, desenvolvendo vias de trabalho muito importantes, algumas das quais deixámos cair completamente". A esta distância do final do ano, o S. João não sabe sequer, de resto, se pode contar com parte do financiamento inscrito no orçamento para 2008, acrescenta Ricardo Pais: "Vale a pena perguntar para que é que existe um sector empresarial do Estado que em Outubro ainda não sabe que dinheiro tem para o ano em curso".

Apesar de não ter medo da sucessão - "já me aconteceram coisas piores: a Agustina Bessa-Luís sucedeu--me no [Teatro Nacional] D. Maria II, não tenho medo de nada" -, o director do S. João gostava de contribuir para a alteração do regime de acesso à direcção de instituições como o TNSJ e defende a figura do "concurso limitado" para que se possa "chegar finalmente à transparência democrática". 
Sobretudo depois do que se tem visto no D. Maria, onde, resume, "o Governo conseguiu estar à altura do próprio Carlos Fragateiro na maneira como o exonerou" com um despacho "ignóbil".

(in_publico 02/11/2008)


(MONO)CULTURA sugere entrevista completa:
-Ricardo Pais: “A minha vontade já é de me afastar há muito tempo”

sábado, 4 de outubro de 2008

Diogo Infante ainda não foi nomeado oficialmente, mas...



O actor e encenador ainda não foi nomeado oficialmente director artístico do Teatro D. Maria, nem o despacho conjunto dos ministros das Finanças e da Cultura a que a lei obriga para a sua nomeação foi assinado, mas Diogo Infante já foi apresentado aos trabalhadores da casa. Num email enviado aos funcionários, a administração faculta-lhes o endereço electrónico interno do novo director e indica-lhes o gabinete que passa a ocupar, e... hummmmm!!!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Actriz do Politeama detida por insultos a GNR em Paio Pires



A GNR de Paio Pires, Seixal, apanhou ontem de manhã a actriz Maria de Lima a estacionar mal o carro no parque da estação da Fertagus de Coina e os militares dizem que se limitaram a chamá-la à atenção. A condutora terá ignorado e seguiu a pé. Minutos depois, regressou com dois cidadãos ingleses, já estava a ser multada, e ter-se-á dirigido, em tom de gozo, a um sargento e um soldado: "São uns incompetentes, nem a 4ª classe devem ter."

Segundo os militares, virou-se depois para um deles: "Vai é falar com o meu advogado, que o vai pôr a trabalhar, seu incompetente." E continuou, dirigindo-se aos britânicos: "São tão incompetentes... e a prova é o caso Maddie." A GNR identificou-a e Maria de Lima disse-se actriz, que participa em telenovelas e filmes de cinema. Deu moradas na Parede, Estados Unidos e Inglaterra.

Quando o sargento tentou terminar a identificação, a actriz terá retomado o tom ofensivo, chamando-lhe "fascista". Acabou detida e, já perante várias testemunhas, gritou estar a ser vítima de brutalidade policial. Foi presente ao Tribunal do Seixal em julgamento sumário e, apurou o CM, a sentença será conhecida dentro de 15 dias. Os militares da GNR envolvidos pedem uma indemnização a Maria de Lima por danos morais. Contactada, a agente da actriz, Paula Monteiro, disse desconhecer "toda essa situação".
(in_correio da manhã 01/10/2008)