Com sala cheia, na Livraria Index, sobretudo de gente ligada ao teatro, onde se viu, por exemplo, Ricardo Pais, director do Teatro S. João, Isabel Alves Costa lançou, logo nas primeiras palavras, o aviso: "Isto não é um ajuste de contas com a história, nem com ninguém".
Assumiu que o livro é, antes de mais, "uma forma de explicar o meu ponto de vista sobre uma casa, uma instituição a que me entreguei e na qual se fizeram iniciativas importantes para a cidade".
Isabel Alves Costa, que foi convidada por Manuela de Melo, antiga vereadora da Cultura da Câmara do Porto, permaneceu durante 13 anos à frente dos destinos do Rivoli e da Culturporto (mais quatro noutras funções), entidade extinta pelo executivo de Rui Rio, presidente da autarquia. A este propósito, a autora referiu que "a falta de autonomia da direcção artística é desastrosa, essencialmente, porque os outros que vêm tomar o nosso lugar não sabem o que fazer e, às vezes, tomam posições completamente tolas".
A ex-responsável pelo Rivoli admitiu ter pena, sobretudo, do que não foi feito por impossibilidades que ultrapassam o que é uma programação artística. Salientou a importância que pequenas coisas podem, às vezes, viabilizar ou inviabilizar projectos, insistindo na ideia que, actualmente, o Rivoli não presta um serviço público à cidade do Porto.
Foi com emoção que João Fernandes, director do Museu de Serralves, que apresentou o livro, disse ter lido as páginas da obra. "É um trabalho interessantíssimo, que, através da história, narra a vida de uma instituição e a sua relação com a democracia em Portugal".
Mostrando-se surpreendido por, ao ler o texto, ter tomado consciência da vasta programação levada a efeito no Rivoli, João Fernandes lamentou, contudo, o facto de a história do livro não ter um final feliz. Adiantou, por outro lado, que deseja e tem confiança que desta obra apareça outra instituição como o Rivoli, porque "este teatro não pode desaparecer da vida cultural da cidade".
O director de Serralves criticou ainda o facto de os responsáveis políticos "raras vezes criarem condições para a autonomia de um projecto cultural".
João Fernandes frisou que o livro deveria constar da bibliografia obrigatória de todas as bibliotecas das autarquias onde existam departamentos ou pelouros da Cultura.
Para Miguel Lobo Antunes, autor do prefácio, "Rivoli 1989-2006" é uma história que nos dá ensinamentos e motivos de reflexão." Adianta que, "enquanto responsável pela programação de uma instituição cultural de Lisboa, lamento a perda de um parceiro com quem era possível partilhar projectos, ideias, colaborações. Não foi só o Porto que ficou a perder, foi o país".
Por isso, Miguel Lobo Antunes reafirma a importância do livro, "que guarda uma memória do que foi e do que poderia ter continuado a ser, explicando como deixou de o ser".
(in_JN 27/01/09)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Indignem-se, discutam,denunciem, comentem... não adormeçam!!!