Inês Pedrosa, directora da casa Fernando Pessoa falou ao Público:
R: Sim, se for votado favoravelmente na câmara. Tratámos dos trâmites legais e o nome já está registado: Fundação Casa Fernando Pessoa. Os estatutos ficaram prontos e vou entregá-los a António Costa.
P: Isso muda alguma coisa do ponto de vista prático?
R: Imenso. Passamos a ter a gestão, a ter a caixa. Percebo pouco de política, mas sei que onde está o dinheiro está o poder. O contrato dos directores desta casa até tem escrito que não têm dependência hierárquica, fazem o que quiserem. É muito divertido, mas com que dinheiro? Enquanto não tivermos esse estatuto, o dinheiro que ganharmos, seja com iniciativas seja com merchandising - canecas, t-shirts, discos - não reverte para a Casa Pessoa, porque a lei não o permite, mas para a câmara.
P: Foi por causa de dinheiro que não conseguiu fazer as obras previstas para 2008?
R: Estava prevista a transformação da cafetaria num restaurante com duas esplanadas, mas chegou-se ao fim do ano sem se abrir concurso, apesar da nossa pressão: o departamento de obras da câmara é moroso. O que se revelou pior nestes dez meses foi a burocracia camarária - o tempo que as coisas demoram e o número de departamentos por que tem de passar.
P: Com que verbas pode contar este ano?
R: Quando entrei para a Casa, havia um orçamento de 15 mil euros, que depois o director municipal de cultura, Rui Pereira, aumentou para 35 mil. Converteu cem mil euros das verbas para as obras que não foram feitas em dinheiro para programação, o que nos permitiu fazer o congresso internacional dedicado a Pessoa. A isto há que juntar 70 mil que conseguimos de patrocínios das juntas de freguesia, da Leya e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Com esses apoios fiz o encontro de escritores dos dois lados do Atlântico Letras em Lisboa e filmes de dois minutos para a RTP. A ideia era passarem os filmes uma vez por dia, passaram várias. Deram-nos espaço mas não nos deram um tostão. No ano do 120.º aniversário do nascimento de Pessoa, a RTP tinha obrigação de fazer qualquer coisa. Assim como o Ministério da Cultura: não vi o que é que fez para comemorar ou ampliar o Pessoa este ano.
P: Numa crónica recente sua no Expresso, intitulada Para acabar de vez com a cultura, percebe-se que discorda de a autarquia ter encomendado a sua estratégia cultural ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).
R: Sou contra, de facto. Há gente suficiente e de qualidade na câmara para o fazer. Discordo que se gaste 80 mil euros a comprar um programa cultural que devia ser a vereação da cultura a fazer. Mas a crónica era mais abrangente: pode ser que o ministro da Cultura tenha um projecto de revitalização cultural do país - as coisas demoram tempo -, mas até agora não se tem visto nada.
P: Que orçamento vai ter para o ano que vem?
R: Ainda não sei. Apresentei um orçamento ideal de 1,1 milhão de euros e um realista de 600 mil. E fiz saber ao presidente da câmara que, com menos de 300 mil, não vale a pena estar aqui - poupa o dinheiro de um director e mantém a casa aberta com o pessoal que cá tem, que é óptimo. Não vou andar a pedir favores aos meus amigos [para poder ter iniciativas sem custos]. A digitalização dos livros da biblioteca de Pessoa está a ser feita de borla. Quando se mostra serviço não me passa pela cabeça que isto não seja reconhecido, e sei que vai ser.
P: Se tiver menos de 300 mil euros vai-se embora?
R: Vou tentar arranjar o que falta, primeiro junto de empresas. Sei que o orçamento está muito curto, mas há a possibilidade de nos candidatarmos às verbas do casino e do Turismo de Lisboa. Gostaria que a TAP se tornasse nossa patrocinadora oficial. Mas há quem veja isto de forma política: não apoiam porque não gostam de António Costa, ou porque temem que ele seja substituído por Santana Lopes.
P: Chegou a fazer um ultimato a António Costa por causa do orçamento?
R: Não fiz ainda nenhum ultimato. Ele disse-me que arranjava os 300 mil euros.
R: Sou contra, de facto. Há gente suficiente e de qualidade na câmara para o fazer. Discordo que se gaste 80 mil euros a comprar um programa cultural que devia ser a vereação da cultura a fazer. Mas a crónica era mais abrangente: pode ser que o ministro da Cultura tenha um projecto de revitalização cultural do país - as coisas demoram tempo -, mas até agora não se tem visto nada.
P: Que orçamento vai ter para o ano que vem?
R: Ainda não sei. Apresentei um orçamento ideal de 1,1 milhão de euros e um realista de 600 mil. E fiz saber ao presidente da câmara que, com menos de 300 mil, não vale a pena estar aqui - poupa o dinheiro de um director e mantém a casa aberta com o pessoal que cá tem, que é óptimo. Não vou andar a pedir favores aos meus amigos [para poder ter iniciativas sem custos]. A digitalização dos livros da biblioteca de Pessoa está a ser feita de borla. Quando se mostra serviço não me passa pela cabeça que isto não seja reconhecido, e sei que vai ser.
P: Se tiver menos de 300 mil euros vai-se embora?
R: Vou tentar arranjar o que falta, primeiro junto de empresas. Sei que o orçamento está muito curto, mas há a possibilidade de nos candidatarmos às verbas do casino e do Turismo de Lisboa. Gostaria que a TAP se tornasse nossa patrocinadora oficial. Mas há quem veja isto de forma política: não apoiam porque não gostam de António Costa, ou porque temem que ele seja substituído por Santana Lopes.
P: Chegou a fazer um ultimato a António Costa por causa do orçamento?
R: Não fiz ainda nenhum ultimato. Ele disse-me que arranjava os 300 mil euros.
(in_publico 16/12/2008)
António Costa podia ter dado à Casa Fernando Pessoa os 200.000 euros de prenda de aniversário para Manoel de Oliveira, uma vergonha!
ResponderExcluir