Auchan proíbe venda de "A Casa dos Budas Ditosos"
O Grupo Auchan (Jumbo) decidiu proibir, pela segunda vez em dez anos, a venda do romance "A Casa dos Budas Ditosos", de João Ubaldo Ribeiro, nos seus hipermercados. O fundamento desta medida é o carácter pretensamente pornográfico da obra, repudiado pelo seu autor.
“Amigo Nelson, lá vamos nós outra vez”, comenta o escritor brasileiro numa mensagem enviada ao seu editor português, Nelson de Matos.
“Não há razão nenhuma para essa censura”, diz Ubaldo Ribeiro. “Imagino que eles também não vendam Henry Miller ou outros autores desse tipo”.
Pedindo ao editor que “não se incomode nem se aborreça”, o escritor declara-se “chateado” com “este acto censório”, que qualifica como “irónico” e quase “suspeito”: “Parece uma jogada sua de "marketing" para poder aumentar as vendas do livro, coisa que sucedeu da primeira vez”.
João Ubaldo Ribeiro lembra que a obra foi adoptada em exames de acesso por universidades brasileiras e francesas. Refere-se ao êxito da edição do livro na Alemanha, país onde é leitura recomendada aos diplomatas que são destacados para o Brasil.
O escritor afirma ainda que “está a ficar velho de mais” para se “incomodar com estas coisas”. E assegura, a concluir: “Por nada disto é afectado o meu amor por Portugal. Posso dizer a esses portugueses que, por mais que eles queiram o contrário, Portugal também é meu”.
A primeira proibição de "A Casa dos Budas Ditosos" foi há dez anos, quando Nelson de Matos era editor das Publicações Dom Quixote. Uma nova edição, lançada agora pelas Edições Nelson de Matos, volta a ter a mesma sorte. “O Grupo Auchan não vende produtos do foro pornográfico. O referido livro enquadra-se neste conjunto de artigos”, explicou na semana passada ao semanário Expresso a agência de comunicação que representa o grupo. Uma segunda obra do mesmo escritor, "Viva o Povo Brasileiro", está também retida para apreciação.
“Tudo isto é lamentável”, disse Nelson de Matos ao PÚBLICO. “Considerar o livro pornográfico é um acto de gaguez de espírito”. O editor lembra que João Ubaldo Ribeiro foi galardoado em 2008 com o Prémio Camões, o mais importante em língua portuguesa, pelo conjunto da sua obra. E que, este ano, o Brasil é o país convidado da Feira do Livro de Lisboa. Por isso, não tem dúvidas em considerar “um acto inamistoso” a proibição de livre circulação da obra por parte do Grupo Auchan:
“Indigno-me contra isso, mesmo que a empresa deixe de adquirir os meus livros.”
As manifestações de apoio e solidariedade continuam a chegar, tanto da parte de figuras públicas como de gente anónima, diz o editor. Muitas das reacções vêm do Brasil, onde o caso teve várias referências nos media.
“Amigo Nelson, lá vamos nós outra vez”, comenta o escritor brasileiro numa mensagem enviada ao seu editor português, Nelson de Matos.
“Não há razão nenhuma para essa censura”, diz Ubaldo Ribeiro. “Imagino que eles também não vendam Henry Miller ou outros autores desse tipo”.
Pedindo ao editor que “não se incomode nem se aborreça”, o escritor declara-se “chateado” com “este acto censório”, que qualifica como “irónico” e quase “suspeito”: “Parece uma jogada sua de "marketing" para poder aumentar as vendas do livro, coisa que sucedeu da primeira vez”.
João Ubaldo Ribeiro lembra que a obra foi adoptada em exames de acesso por universidades brasileiras e francesas. Refere-se ao êxito da edição do livro na Alemanha, país onde é leitura recomendada aos diplomatas que são destacados para o Brasil.
O escritor afirma ainda que “está a ficar velho de mais” para se “incomodar com estas coisas”. E assegura, a concluir: “Por nada disto é afectado o meu amor por Portugal. Posso dizer a esses portugueses que, por mais que eles queiram o contrário, Portugal também é meu”.
A primeira proibição de "A Casa dos Budas Ditosos" foi há dez anos, quando Nelson de Matos era editor das Publicações Dom Quixote. Uma nova edição, lançada agora pelas Edições Nelson de Matos, volta a ter a mesma sorte. “O Grupo Auchan não vende produtos do foro pornográfico. O referido livro enquadra-se neste conjunto de artigos”, explicou na semana passada ao semanário Expresso a agência de comunicação que representa o grupo. Uma segunda obra do mesmo escritor, "Viva o Povo Brasileiro", está também retida para apreciação.
“Tudo isto é lamentável”, disse Nelson de Matos ao PÚBLICO. “Considerar o livro pornográfico é um acto de gaguez de espírito”. O editor lembra que João Ubaldo Ribeiro foi galardoado em 2008 com o Prémio Camões, o mais importante em língua portuguesa, pelo conjunto da sua obra. E que, este ano, o Brasil é o país convidado da Feira do Livro de Lisboa. Por isso, não tem dúvidas em considerar “um acto inamistoso” a proibição de livre circulação da obra por parte do Grupo Auchan:
“Indigno-me contra isso, mesmo que a empresa deixe de adquirir os meus livros.”
As manifestações de apoio e solidariedade continuam a chegar, tanto da parte de figuras públicas como de gente anónima, diz o editor. Muitas das reacções vêm do Brasil, onde o caso teve várias referências nos media.
o melhor é boicoar a ida a estes supermercados....felizmente podemos encontar estas obras noutras lojas.Só mostra a ignorancia desses responsáveis de vendas.Querem encher-nos apenas de comida...e muitas vezes da má.
ResponderExcluirimpressionante nesta altura di campeonato...tal vez seja uma estrategia paradoxal para highlight do 25 ade abril....enfim...
ResponderExcluirEu se fosse escritor não acharia grande graça nenhuma a que se vendessem os meus livros nos supermercados, gosto demasiado de livrarias para isso... mas parece-me simples, quem não concordar e compre livros em supermercados boicota a ida àqueles e envia um e-mail para o Conselho de Administração do Grupo Auchan a explicar porquê...
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