Ex-ministra critica Orçamento e estranha críticas
A ex-ministra da Cultura Isabel Pires de Lima defendeu que o Governo deveria dar mais meios orçamentais à cultura e disse estranhar as críticas que o seu sucessor lhe tem dirigido nos últimos meses.
«Acho mal que não haja um entendimento por parte do actual Governo que têm que ser trazidos mais meios, mais força orçamental para a cultura»
A actual deputada socialista lembrou que, nos últimos cinco anos, o Ministério da Cultura assumiu responsabilidades adicionais, como a Casa da Música ou o Museu Berardo, apesar de ter um orçamento «tão exíguo».
O Orçamento do Estado para 2009 prevê para as despesas do Ministério da Cultura 212,6 milhões de euros, uma descida de 2,3 por cento em relação à execução orçamental de 2008 (217,7 milhões de euros).
Em Outubro, o actual ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, disse à Lusa que apesar destes números o orçamento regista uma «variação positiva de 0,4 por cento», dado que o orçamento inicial de 2008 era da ordem dos 211 milhões de euros, tendo havido um reforço de seis milhões por parte do Ministério da Finanças em função da «rigorosa» execução orçamental.
«O ano passado houve um afogadilho, coisas que levaram a que o orçamento não fosse feito com grande rigor e com grande perfeição«, apontou.
No passado fim-de-semana, em declarações ao Expresso, Pinto Ribeiro referiu que não está satisfeito com o Orçamento e criticou os seus antecessores alegando que, em sete anos, »o Ministério desperdiçou 260 milhões de euros«.(ver esta notícia)
«Durante esse tempo deram-lhes imenso dinheiro. Mas orçamentaram mal e executaram ainda pior», disse, citado pelo semanário.
Isabel Pires de Lima disse que estranha essas críticas e que o Ministério da Cultura não tem falta de credibilidade.
«Estranho essas críticas tratando-se de um ministro de um Governo ao qual eu pertenci e estranho essas críticas à execução orçamental que atingiu em 2007, o último ano em que estive responsável, 98 por cento, afirmou a deputada do PS.
«O Ministério da Cultura só tem falta de credibilidade para quem não enquadrar a sua acção dentro da dimensão orçamental que tem sido atribuída ao ministério«, disse ainda a ex-ministra convicta de que »a cultura vai ter cada vez mais espaço na governação europeia«.
Isabel Pires de Lima, que deixou o Governo no final de Janeiro, numa remodelação governamental que abrangeu também o Ministério da Saúde, afirmou que não saiu zangada.
«Não saí zangada, apoio este governo», referiu a antiga ministra considerando também natural que um outro ministro queira dar orientações distintas no ministério que herda.
«O novo ministro estabeleceu algumas prioridades que não eram as minhas. Deixou cair uma das minhas prioridades que era uma política activa de descentralização, valorizando mais uma política de Língua«, apontou.
Em relação ao Acordo Ortográfico, que o actual ministro tem defendido, a ex-ministra voltou a manifestar reservas.
«Eu tinha reservas quando estava no Governo e continuo a ter reservas, sobretudo porque acho que este acordo é péssimo do ponto de vista técnico, é um acordo que tem erros técnicos», disse.
(in_Diário Digital / Lusa 19/11/2008)
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