segunda-feira, 18 de maio de 2009

A arte é imune à crise



Coleccionadores continuam a correr às galerias e a adquirir obras dos artistas consagrados


Os tentáculos da crise mundial parecem não afectar o mercado da arte em Portugal. Coleccionadores e investidores (e não só) continuam a comprar obras a preços elevados e as peças dos artistas consagrados são as que têm mais procura.

A crise é geral, mas há áreas como as artes plásticas que resistem ao drama. Em Portugal, as obras que se vão vendendo com regularidade são as mais dispendiosas e, claro está, as que têm a assinatura dos artistas consagrados. Sabe-se que a obra de nomes como Paula Rego, Júlio Pomar, Ângelo de Sousa, Nadir Afonso, Julião Sarmento, Graça Morais, José de Guimarães e Júlio Resende continua a ser bastante procuradas junto das colecções privadas e públicas no nosso país. Através de uma ronda por algumas galerias, ficamos a saber que os trabalhos de pintura dos consagrados têm maior procura e venda praticamente garantida.

Manuel Ulisses, proprietário das galerias Quadrado Azul, em Lisboa e no Porto, garante que até ao momento não tem razão de queixa. Atendendo que tanto se falou e fala dos medos da crise, este galerista adiantou ao JN que pelo menos nos primeiros meses de 2009 as vendas não sofreram quebra em relação aos anos anteriores. Admitindo, por outro lado, que crise é crise e afecta todos os sectores, sustenta que, tendo em conta essa realidade, "o mercado da arte em Portugal vai pelo caminho certo, ou seja, vai-se vendendo".

O mesmo galerista revela que, no seu caso, os coleccionadores recorrem a ele essencialmente para a aquisição de trabalhos dos autores consagrados. Manuel Ulisses refere-se por exemplo, a pintores como Ângelo de Sousa, José de Guimarães e Fernando Lanhas. Este último só não vende mais - assegura Manuel Ulisses - porque produz pouco, no entanto, "todos estes vendem e continuam a ser muitos procurados. As pessoas vêm cá bater à porta para comprar obras desses artistas."

Os melhores clientes deste galerista continuam (apesar da crise) a ser as pessoas com profissões liberais que optam pelos nomes com carreira feita, apesar de também existir agora uma significativa procura pelos chamados novos talentos.

Um dos factores importantes e que continua a predominar no mercado da arte é a confiança que o coleccionador deposita no seu no galerista. Tanto, Manuel Ulisses como Fernando Santos (proprietário da galeria com o seu nome) asseguram que essa ligação de confiança é necessária, mesmo indispensável e só assim poderá dar os seus resultados.

Também Fernando Santos garante que a crise econónica não afectou o seu mercado, insistindo que os nomes grandes mantém uma boa procura, assim como a nova geração de artistas.

"Quando existem boas propostas os coleccionadores compram, independentemente da chamada crise. O coleccionador é fiel às galerias com quem mantém contactos" , considera Fernando Santos. Este marchand acredita que a imagem da galeria é importantepara a solidez da aquisição de uma obra, ainda para mais quando se vive uma época de contenção como a actual.

A Galeria Ratton, de Lisboa , tem nas autarquias e outras entidades públicas as suas maiores clientes. Talvez por isso Ana Maria Viegas considere que "há uma determinada quebra nas compras". Dedicada à arte no azulejo, a galeria sobressai na execução de painéis de azulejos, encomendas que têm diminuído.

No entanto, também a responsável pela Ratton explica que, apesar da crise, "o que mais se vende são os trabalhos dos artistas mais conhecidos como Paula Rego, Júlio Pomar e Graça Morais".

in_DN

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