segunda-feira, 27 de abril de 2009

Assessora de imprensa da Direcção-Geral das Artes continua como directora da revista online Arte Capital



A Direcção-Geral das Artes (DGA) contratou, para fazer a assessoria da participação portuguesa na 53ª Bienal de Veneza Sandra Vieira Jürgens, directora e editora da revista Arte Capital – Magazine de Arte Contemporânea, uma publicação online que divulga informação sobre artistas nacionais e internacionais e que ainda há dias tinha destacado na 
homepage um texto sobre a mesma Bienal.
 Sandra Vieira Jürgens, como o director-geral das Artes, Jorge Barreto Xavier, consideram que não há incompatibilidade na acumulação destas funções (que cessam em Novembro, data de fecho da Bienal) e garantem que os termos contratuais da colaboração salvaguardam a equidade dos órgãos de informação, e nomeadamente das publicações que concorrem com a Arte Capital, no acesso às notícias sobre aquele evento. “Em momento algum, enquanto for assessora de comunicação da DGA, Sandra Vieira Jürgens produzirá notícias sobre a Bienal de Veneza para a Arte Capital. De resto, o quadro contratual estabelecido entre as partes exige confidencialidade, pelo que está posto de lado o cenário de a Arte Capital receber quaisquer informações em primeira mão”, sublinha Jorge Barreto Xavier.

A coincidência entre a Sandra Vieira Jürgens assessora de comunicação da DGA e a Sandra Vieira Jürgens directora e editora da Arte Capital não coloca aquela publicação “numa situação de vantagem”, continua o director-geral das Artes, nem lhe confere acesso prioritário e privilegiado à informação gerada pela DGA. “A imparcialidade e seriedade da minha conduta no desempenho das funções que exerço têm caracterizado sempre a minha carreira”, acrescenta Jürgens.

A nova assessora da DGA é licenciada em História de Arte e foi nessa qualidade, “e não como jornalista”, que o galerista e coleccionador Victor Pinto da Fonseca a convidou “para exercer funções de direcção do projecto Arte Capital, plataforma de divulgação cultural”. Para Jorge Barreto Xavier, este é o cerne da questão: Sandra Vieira Jürgens não está a violar nenhuma lei: “Na ordem jurídica, não há qualquer impedimento. Na ordem ética só haveria impedimento se se verificasse algum favorecimento da publicação em causa. Aliás, há uma questão a discutir: para mim a Arte Capital não é uma revista de arte, é uma componente da plataforma artística do Victor Pinto da Fonseca”, argumenta.

Ainda assim, o director-geral das Artes admite que, “no melhor dos países”, esta seria uma prática a evitar. Mas, diz, “Portugal é um país pequeno, não há assim tantos profissionais que dominem o panorama da arte contemporânea e para nós é fundamental ter pessoas competentes à frente da divulgação dos nossos projectos”.
(in_publico 27/04/2009)

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