quarta-feira, 15 de abril de 2009

Beja: O estado das coisas. CM Beja cancela protocolo com Arte Pública




















Ora aqui está mais uma oportunidade (depois do financiamento à Programação para o ano de arranque) que os Teatros Municipais e, nomeadamente, o Teatro Pax-Julia têm para, sem sobrecarregar os cofres municipais, candidatar-se ao financiamento, por parte dos mecanismos que o Estado Português coloca à sua disposição, da futura Programação.

Veremos porém se

1. por um lado, continua a dar a entender aos munícipes que este importante centro de fruição e de partilha cultural funciona apenas por vontade e garantia do executivo camarário - como se o esforço da atracção destas candidaturas, que têm suporte comunitário, não fizesse parte de uma estruturada política nacional - neste caso, de apoio à circulação das artes performativas,

e se

2. por outro, este executivo ousa, como já o fez, continuar a sua política de segregação e de discriminação da emblemática estrutura de produção artística residente, impulsionadora da actividade teatral e de variadíssimas metodologias criativas em Beja que é a arte pública - responsável por muito do aconselhamento técnico e empréstimo de variadíssimo material ao Teatro Municipal (o que permitiu a sua abertura, em 2005, em condições de normalidade), além de ter assegurado, com elevados padrões de exigência técnica e artística, espectáculos em estreia e acções de sensibilização ao Espaço Teatral, de Formação de Públicos e de Formação de Técnicos,

dado que, como prémio desta actuação - e exactamente na tentativa de travar o "protagonismo" criativo e formativo que a arte pública já assumia junto do seu público, no Teatro e na cidade, o Presidente ordena a rescisão unilateral do protocolo que, sublinhe-se, se encontrava a meio de um biénio de actuação - atropelando compromissos que, em nome da CMB, já anteriormente assumira com a arte pública e com a Direcção-Geral das Artes, através da sua Direcção Regional - e dando como mandante deste "serviço" o seu assessor - o qual, entre outras falácias, tenta explicar que a questão problemática é de ordem orçamental (nas suas palavras: "queremos fazer mais com menos") quando se veio a revelar, unicamente, de intenção política.

Assim, como pudemos constatar mais tarde, esta falsidade caiu por terra ao ser protocolada outra estrutura, sobre a qual não me pronunciarei, com um valor muito mais elevado do que aquele que era fixado com a arte pública.

Dado que nem a qualidade nem a pertinência artística e social do trabalho da arte pública foi colocado em causa, só existe uma conclusão possível:

como se costuma dizer, "os amigos são para as ocasiões", e o partido com assento em Beja presta-se a esses jogos de influências e de favores - aqueles tais cujo líder paternal (ah! Yeronhimus!...) tanto critica (nos outros partidos, claro).

No entanto, como referia no início desta crónica, veremos se a completa falta de pudor e a desonestidade política e intelectual do Sr. Presidente e de quem lhe ampara estes jogos chegam ao limite de, ao realizarem a futura Programação com verbas angariadas para um preciso fim (Programação em Rede) através do Estado Português, irão, uma vez mais, excluir a única entidade de criação artística residente em Beja, que, em transparentes concursos no território nacional, consegue assegurar a qualidade e justificar a razão da sua intervenção através das artes performativas no coração do Baixo Alentejo - canalizando, para isso, não menos importantes financiamentos para a região.

Como é óbvio, a arte pública não admite este tipo de (não) relacionamento institucional - e muito menos que, publicamente, se faça o discurso do politicamente correcto (lamentando as assimetrias regionais, a falta de fixação dos jovens à terra, a necessidade de criar mais emprego, a ausência de empreendorismo que é preciso incentivar, blá blá blá) e, às escondidas, direi mesmo, por debaixo, não da mesa, mas do tapete, se manipulem as estratégias mais ínvias e se tente estrangular percursos bem sucedidos - mas que, helas! pensam pela sua cabeça, sem terem de pedir a benção ao partido, a qualquer partido, preferindo ser, sempre, inteiros.

Entretanto - e enquanto esperamos documentos solicitados há já três meses à CMB de modo a podermos, devidamente, instruirmos todo este processo que se arrasta desde finais de 2007 - a arte pública continua a fazer o seu trabalho: de criação, de formação - e, claro, levando o nome de Beja por todo o lado, como se pode constatar, por exemplo,aqui
(enviado por Arte Pública 11/03/2009)

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