segunda-feira, 18 de maio de 2009

Mirandês: Ministro da Cultura compara falantes da língua aos "loucos" gauleses



Macedo de Cavaleiros, Bragança, 18 Mai (Lusa) - O ministro da Cultura encontrou hoje no pequeno herói gaulês de banda desenhada Astérix um paralelismo para demonstrar as dificuldades do Mirandês, a segunda língua oficial de Portugal, que diz ser falada por "loucos" como os gauleses.

As aventuras do pequeno gaulês foram dos principais veículos de promoção da "lhengua" mirandesa, com dois volumes já traduzidos.

Aquando da primeira tradução, alguns mirandeses estabeleceram o paralelismo de resistência entre a pequena aldeia gaulesa imaginária e os que insistem em defender a língua minoritária.

O ministro José António Pinto Ribeiro recuperou hoje o paralelismo para falar das dificuldades que esperam a língua Mirandesa.

Tal como nas histórias do Astérix, onde "há uns loucos gauleses que viviam num aldeia" e resistiam à invasão dos romanos cá "também há uns loucos portugueses que vivem em Miranda do Douro e falam outra língua".

Mas são poucos, confinados a um território a Norte junto à fronteira com Espanha, e ao contrário das vitórias dos gauleses, o ministro antevê que "vai ser muito difícil fazer a defesa das línguas minoritárias".

"Nós temos de perceber que é muito difícil assegurar e estimular a expansão e o aprofundamento da língua Mirandesa a partir de Miranda do Douro", afirmou, considerando que "cada vez mais as línguas que vão ser defendidas são as que têm atrás de si um grande número de falantes", como é o caso do português.

O ministro da Cultura respondeu assim ao receio que lhe manifestou hoje o presidente da Câmara de Miranda do Douro, Manuel Rodrigo.

O autarca social-democrata teme que a língua Mirandesa se transforme de uma língua falada, dos afectos, da casa, do trabalho e das relações, numa língua erudita escrita.

Apesar das dificuldades que apontou, o ministro prometeu que fará o que estiver ao seu alcance "conjuntamente com a Câmara Municipal, as populações locais e com os eruditos que trabalham aquilo, e já há muitos em Lisboa".

"Há mesmo uns que traduzem livros", disse o ministro referindo-se à obra de Luís de Camões, "Os Lusíadas", editada em Mirandês e à própria história desta língua minoritária, as mais recentes publicações.

HFI.

Lusa/fim

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