quarta-feira, 13 de maio de 2009

Dinheiro só dá para “mais dois ou três meses” de actividade




Pedro Ruivo à beira da falência

A Fundação Pedro Ruivo, em Faro, está à beira da falência. Um funcionário foi despedido no início do ano e as despesas correntes já são pagas com recurso a crédito bancário. "Se a câmara não pagar o que nos deve, só dá para mais dois ou três meses", alerta Maria de Jesus Bispo, presidente da Fundação.

"A autarquia deve, ainda, 20 mil euros, de um total de 50 mil, do subsídio de 2008", explica a responsável, "e este ano não foi assinado qualquer protocolo", acrescenta.

Maria de Jesus Bispo assume que para pagar ordenados e outras contas, a Fundação já deve "25 mil euros ao banco". Verba que será paga com o dinheiro em dívida do subsídio de 2008. Mas a demora em estabelecer o protocolo para este ano preocupa a presidente.

"As verbas estão a ser encaminhadas para o Teatro Municipal de Faro", explica, "e as associações estão a ser esquecidas", acusa Maria de Jesus Bispo. "É nas associações que nasce a verdadeira cultura", continua, "se as associações desaparecem e só ficar o Teatro Municipal, cria-se uma cultura de Estado, uma ditadura cultural", acusa.

A responsável máxima da Pedro Ruivo admite que com a situação de crise actual, "os mecenas têm desaparecido" e a Fundação já teve de cancelar projectos devido à falta de verbas. "Para combater a situação, temos tentado fazer espectáculos mais populares, que trazem mais pessoas", refere ainda, "mas, actualmente, só contratamos à percentagem, não há verba para se pagar a ninguém".

APOSTA ASSUMIDA NO TEATRO

"É verdade que a autarquia tem dívidas a clubes e associações, devido à quebra de receitas, mas já foi comunicado à Fundação Pedro Ruivo que o valor em dívida será pago quando a autarquia receber o IMI, no fim de Maio", afirmou ao CM José Apolinário.

Já sobre a possibilidade de assinatura de novo protocolo para subsidiar a Fundação, o presidente da Câmara diz que "isso só se saberá quando for feita a revisão orçamental", em Maio, "vamos analisar", afirma, deixando no ar a dúvida sobre realização de novo protocolo. "A Fundação tem de deixar a subsidiodependência em relação à câmara municipal e começar a ir buscar verbas à sociedade civil", continua José Apolinário, que assume "uma aposta política no Teatro Municipal como forma de afirmar Faro". 

SAIBA MAIS

HISTÓRIA

Criada em 1994, a Fundação começou a programação cultural regular em 1998. Entre as principais iniciativas, foi através da Pedro Ruivo que passaram a existir espectáculos regulares de ópera e ballet em Faro. A instituição organiza anualmente o concurso internacional Maria Campina.

50 MIL EUROS: é a verba que a Câmara Municipal atribuiu à Fundação no protocolo de 2008. Até agora foram pagos 30 mil.

25 MIL EUROS: Dívida já contraída pela Pedro Ruivo para pagar ordenados e despesas correntes.

CONSERVATÓRIOA: Fundação tem sede no Conservatório Regional do Algarve mas o funcionamento das duas entidades é totalmente independente.

(in correio da manhã 13/05/2009)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Indignem-se, discutam,denunciem, comentem... não adormeçam!!!