segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sem guardas e com pouco dinheiro, para onde vão os museus nacionais?



São "formalismos" que estão ainda a impedir que os museus possam contratar guardas e vigilantes para substituir os que saíram nas últimas semanas. O IMC não avança uma data para resolução do problema, mas acredita que em 2009 será possível arranjar "soluções mais definitivas". Mas o problema é mais profundo e há quem ponha em causa o modelo de gestão
Portas fechadas com um papel a avisar que o museu não pode abrir por razões de segurança
A crise dura há muito, mas, de vez em quando, ganha visibilidade. Voltou a acontecer em Setembro, quando muitos contratos a prazo para guardas e vigilantes chegaram ao fim. Por enquanto não há notícias animadoras. Manuel Bairrão Oleiro, director do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), diz que o problema não está resolvido e que é cedo para dizer quando estará. "É uma tramitação demorada, que envolve várias entidades, exige várias consultas e estamos dependentes do fim destes formalismos",

 "Mas é uma situação cada vez mais insustentável. Estamos a trabalhar sempre nos limites", explica José Carlos Alvarez, director do Museu do Teatro. "Esta situação não é sustentável", reforça, por seu lado, o director do Museu Nacional de Arqueologia, Luís Raposo. "Temos recorrido a pessoas que estão no Programa Ocupacional de Desempregados, mas são situações muito voláteis, porque quando as pessoas recebem uma proposta de emprego melhor vão-se embora, naturalmente".

"Já há algum tempo que começá-mos a fechar às terças-feiras de manhã", afirma Clara Vaz Pinto, do Museu do Traje. "Temos um número curtíssimo de pessoal para funções de guarda e o que nos norteia é a questão da segurança, do público, mas também do acervo". Joaquim Pais de Brito, director do Museu de Etnologia, fala em "falta dramática de pessoal", que o levou a reduzir para metade as visitas às reservas, "que eram uma singularidade deste museu". As visitas, acompanhas, foram mesmo suspensas ao fim-de-semana. "Os quadros dos museus estão exangues", lamenta.

Mas nenhuma solução será milagrosa se continuar o "desinvestimento na cultura", alerta Nuno Vas-sallo e Silva, director adjunto do Museu Gulbenkian. Como observador exterior, ligado a uma fundação privada, mostra-se preocupado: "O património - sejam os museus, as bibliotecas ou os arquivos - é uma área de interesse nacional em que o Estado tem responsabilidades às quais não pode fugir".
Parece-lhe, nesse contexto, existir uma dispersão das verbas por várias entidades e projectos. "Há compromissos que o Estado tem assumido com outros agentes culturais, como, por exemplo, a Casa da Música, a Fundação Berardo e outros, que fazem com que os orçamentos sejam cada vez mais diminutos".

(in_publico 06/10/2008)


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