terça-feira, 14 de outubro de 2008

Ateliers só para alguns...




Há décadas que a CML cede espaços a artistas. Uns, à borla. Outros, com rendas de 30€

São 70 os ateliers cedidos a artistas plásticos contabilizados pela Câmara Municipal de Lisboa após um primeiro levantamento levado a cabo pelos serviços municipais, em Março passado. O documento revela que a maioria daqueles espaços estão atribuídos por um prazo indeterminado, sem existência de protocolos e, nalguns casos, a título gratuito. José Pedro Croft, Lagoa Henriques, Carlos Amado, Maria Helena Matos, António Cerveira Pinto, João Vieira e até a jornalista Dina Aguiar (neste caso é a filha que é artista...) são alguns dos contemplados pela autarquia num processo de distribuição sem critérios definidos que teve início em 1970, com Fernando Santos e Castro à frente do município e fechado há pouco mais de um ano durante o mandato de Carmona Rodrigues.



Um dos casos mais escandalosos é o do escultor Sam. O escultor morreu há 15 anos, mas para que o espaço possa ser ‘libertado’ pela família, a autarquia “terá de comprar o espólio do artista”, conta fonte do Gabinete de Rosália Vargas, vereadora da Cultura. As negociações já estão em curso.(Escandaloso!!!)

Outro caso muito interessante é o do escultor Carlos Amado, que não executa qualquer trabalho há dois anos, considera ainda que esta é uma cedência “a título provisório ad aeternum”.
Com direito a “espaço de descanso, porque um artista trabalha a qualquer hora”, como diz Carlos Amado, existem meia dúzia de ateliers ainda mais espaçosos na Avenida da Índia, em Belém, atribuídos no final dos anos 70.

Além de Amado, dispõem desses espaços, definidos pelo documento da CML como “armazéns convertidos”, Lagoa Henriques, Maria Helena Matos e António Cândido dos Reis. Pagam €35, “aquilo que a autarquia determina, mas sabemos que não somos donos dos ateliers”, explica o escultor. “Se eles entenderem que este meu espaço lhes falta para outro fim que se justifique, participar-me-ão e terão que arranjar-me outro atelier, prossegue.

A mais nova inquilina é Dina Aguiar. O atelier foi-lhe atribuído por João Soares em 1999. A jornalista é dos poucos artistas identificados pelo documento elaborado pelos serviços municipais cuja actividade artística não está classificada.(Pois claro, ela nao é artista - é jornalista...)

Mas o caso mais polémico em Alvalade tem como protagonista Cerveira Pinto. O pintor transformou o seu atelier no piso térreo em galeria comercial e a autarquia não gostou. Com um processo instaurado pela CML e com as portas fechadas, Cerveira Pinto alega direitos adquiridos.(Ridículo!!!)
(in_expresso 06/10/2008)

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